Nazifascismo, Guerra Civil Espanhola, Segunda Guerra Mundial
A ascensão do nazismo na Alemanha
1. Na Alemanha, após a Primeira Guerra, o clima revolucionário e a fermentação de ideologias de esquerda desembocaram no Levante Espartaquista de Berlim (1919), irradiando-se para outros centros. Em fevereiro de 1919, abre-se a Assembléia Nacional de Weimar, elegendo Friedrich Ebert presidente da República, com Scheidemann como chanceler. Pela Constituição de Weimar, instaura-se uma república federalista, parlamentar e democrática. De 1924 a 1928, as escaramuças eleitorais e parlamentares vão abrindo campo para o avanço da direita. Em março de 1930, com a queda do governo Müller (embaraçado pela crise econômica e pela questão do desemprego), encerra-se a república parlamentarista. Os resultados eleitorais beneficiam os parlamentares hitleristas, em detrimento dos comunistas. A burguesia, assustada com a crise e o desemprego, passa à extrema direita; o exército se politiza, a justiça protege a direita nos julgamentos dos conflitos crescentes; a esquerda vai sendo desarticulada. R a crise da democracia parlamentar, que obriga o chanceler Bruning (1930-1932) a governar com poderes extraordinários. A crise econômica, a inflação, o desemprego e as agitações reforçam a unidade da direita. O golpe de 1932 contra a Prússia, principal núcleo da social-democracia, abre caminho para os nazistas ao poder. A 30 de janeiro de 1933, Hitler forma o governo. A escalada é rápida nessa “revolução nacional” baseada no “princípio do Führer”. Em 27 de fevereiro de 1933, dá-se o incêndio do Reichstag, e a 21 de março dissolve-se o Parlamento. O Partido Nazi torna-se partido único a 1.º de dezembro de 1933; eliminam-se adversários políticos e colaboradores incômodos (Rohm e outros) ; começa a perseguição aos judeus. Hitler assume a presidência. Inicia-se a revisão do Tratado de Versalhes e a conquista de um “novo espaço vital”. O expansionismo alemão, as sucessivas vitórias e a aproximação com o Japão, Itália e Espanha levam a uma polarização aguda; ao mesmo tempo, fortalece-se o comando interno do Reich. O ataque de Hitler contra a Polônia, em 27 de agosto de 1939, abre o segundo conflito mundial.
A ascensão do fascismo na Itália
2. Na Itália, o fascismo foi o resultado de um longo processo que remonta ao “Risorgimento”, movimento iniciado por Cavour em 1847. O liberalismo reformista e gradualista leva à criação da Sociedade Nacional (1857), com vistas à unificação e à independência, com o apoio de Garibaldi. O processo se completa em 1871, com a unificação (Roma torna-se a capital do reino governado por Vítor Emanuel). Nessa “revolução inacabada”, a direita governa até 1876. Mas as reformas sociais não se aprofundam (78% de analfabetos). A tomada de Roma define o fim do “Risorgimento”, mas a unificação não se completa, porque algumas províncias ainda estavam sob domínio austríaco. De 1876 a 1887, monta-se o Estado, mas o “transformismo” esvazia
os partidos políticos. De 1882 a 1900, a “era da grande política”, a Itália se expande na África. A industrialização se acelera no norte, as crises sociais se multiplicam, o anarquismo e o socialismo se desenvolvem. No reinado de Vítor Emanuel III (1900-1944) ocorrem conflitos político-ideológicos que desembocam na vitória do “nacionalismo integral”, centralista e imperialista, idealizado pelo escritor Gabriele D’Annunzio. A oposição entre o norte industrial e próspero e o sul superpovoado e pobre, a emigração crescente, o desemprego, a guerra de 1914-1918, a proletarização da classe média e o “perigo vermelho” explicam a criação do Partido Nacional Fascista (1921) e a escalada de Mussolini.
Guerra Civil Espanhola (1936-1939)
3. A Guerra Civil Espanhola foi a culminância de um processo que se iniciou com a ditadura de Primo de Rivera (1923-1930), sustentada pelos grandes proprietários rurais, pelo exército, pela burguesia e pelo clero. Nas eleições de 1931, sai vitoriosa a coligação de republicanos e socialistas, provocando a abdicação de Alfonso XIII: a República é proclamada a 14 de abril de 1931, com Alcalá Zamora, numa orientação laica, reformista, popular e descentralizadora. A questão das autonomias regionais (Catalunha, País Basco, Galícia etc.) se aprofunda. Movimentos camponeses, anarquistas e autonomistas acendem os conflitos. A reforma agrária intentada abre um período de lutas. De 1933 a 1936, as “várias Espanhas” se polarizam : monarquistas, autonomistas, falangistas (fascistas), republicanos, radicais (de direita). A Revolução de Outubro de 1934 eclode com a ação de republicanos e socialistas. R proclamada a independência da Catalunha. A repressão é violenta, cai o governo, as Cortes são dissolvidas em 1936. Nas eleições, liberais e esquerdistas formam a Frente Popular, vencedora. Uma série de medidas reformistas é implementada (anistia, reforma agrária e educacional, autonomias), mas a reação se inicia a 17 de julho de 1936, com o levante da guarnição de Melilla. A Guerra Civil (1936-1939) oporá as várias Espanhas. Mas, devido à heterogeneidade da Frente Popular e à debilidade das democracias liberais, saem vitoriosos os falangistas, sob o comando de Francisco Franco, que imporá a ditadura até 1975.
Segunda Guerra Mundial
4. A Alemanha não aceitou a partilha do mundo imposta pelo Tratado de Versalhes, nem as reparações de guerra. O rearmamento, a ideologia nazifascista e a necessidade da retomada expansionista pela Alemanha não encontraram nas democracias liberais resistência significativa. Os EUA estavam distanciados do palco europeu; a URSS permanecia isolada pelo capitalismo ocidental; o Japão abandonara a Liga das Nações (1933) e alinhara-se com a Alemanha contra a URSS (1936). Os conflitos nas fronteiras e áreas de influência dessas potências imperialistas detonarão a Segunda Guerra Mundial. Ao fim da guerra, tem-se a perda da hegemonia da Europa que, destruída, só se recomporá com o auxílio de capitais privados, sobretudo norte-americanos; a formação do bloco oriental, sob a liderança da URSS; a criação da ONU, para regular as relações internacionais; a hegemonia dos EUA, liderando os
Aliados em benefício de seu próprio desenvolvimento; o antagonismo EUA-URSS, definindo a “guerra fria” e provocando nova corrida armamentista, que se prolonga até hoje.
5. No acordo de Munique (1938), Chamberlain (Inglaterra) e Daladier (França) ensaiam sem sucesso o bloqueio a Hitler e Mussolini; nos anos 30, o Japão disputa com a URSS e os EUA a hegemonia na Ásia e no Pacífico, alinhando-se com a Alemanha; em março de 1939, Hitler ocupa a Tchecoslováquia e a 1.º de setembro, a Polônia. França e Inglaterra declaram guerra ao III Reich. Em abril de 1940, a Alemanha invade a Dinamarca e a Noruega; em maio, Holanda e Bélgica. Em junho de 1940, os alemães ocupam Paris. A “paz de Compiègne” divide a França em “ocupada” e “livre”. A França de Vichy (“livre”) também colabora com os nazistas; Churchill coordena na Inglaterra a resistência dos Aliados. Em julho de 1940, De Gaulle organiza o governo de resistência francês em Londres. Os EUA cobrem a retaguarda atlântica. Na batalha da Inglaterra (setembro de 1940) tem-se a agressão máxima nazi, com pesado bombardeio. O Eixo Berlim – Roma – Tóquio se firma em setembro de 1940. Os italianos invadem o Egito, mas são repelidos pelos ingleses. A Alemanha invade a Líbia, a Bulgária, a Iugoslávia e a Grécia. A Alemanha invade a URSS (junho de 1941), que se aproxima da Inglaterra. Churchill, por sua vez, assina com Roosevelt a Carta do Atlântico (agosto de 1941) ; os EUA entram na guerra ao lado da Inglaterra, após o ataque japonês a Pearl Harbor (7 de dezembro de 1941). De 1942 a 1944, ingleses e americanos bombardeiam cidades industriais alemãs. Em 1942, dá-se a ofensiva russa, com a batalha de Stalingrado. Organiza-se a resistência em vários países. Contra-ofensiva inglesa na África. Em maio de 1943, o exército ítalo-germânico capitula na África. Cai Mussolini. A Alemanha invade Roma e ocupa o norte e o centro da Itália e, em outubro de 1943, a Itália declara guerra à Alemanha. Os Aliados recuperam Roma em 1944 e, em 1945, avançam para o norte, liquidando Mussolini. No Dia D (6 de julho de 1944), os Aliados desembarcam na Normandia e na Provença; De Gaulle retoma a capital francesa. No leste, o exército soviético pressiona e ocupa a Prússia oriental. A 2 de maio de 1945, Berlim se rende.
ü A escalada das ditaduras
- Itália: em 1922 Mussolini marcha sobre Roma. Liquidação da oposição até 1925.
- Bulgária: em 1923, golpe de Estado militar por Zankov.
- Espanha: em 1923, golpe e ditadura militar do general Primo de Rivera.
- Turquia: em 1923, Mustafá Kemal (após 1935, Kemal Ataturk) é eleito presidente da República.
- Polônia: em 1926, golpe de Estado de Pilsudski.
- Portugal: em 1926, golpe de Estado do general Gomes da Costa, substituído depois pelo general Carmona.
- Iugoslávia: em 1929, golpe de Estado do rei Alexandre.
- Portugal: em 1932, formação do governo do primeiro-ministro Salazar.
- Alemanha: em 1933, Hitler toma o poder.
- Áustria: em 1933, golpe de Estado de Dollfuss, com ditadura fascista.
- Espanha: em 1936, guerra civil, esmagamento dos liberais e das esquerdas e instalação da ditadura do general Franco.
- Grécia: em 1936, golpe de Estado do general Metaxas.
- Polônia: em setembro de 1939, invasão dos exércitos alemães.
- Também a Estônia, a Lituânia, a Rumânia, a Albânia e a Bulgária assistiram a golpes ditatoriais. No Brasil, o Estado Novo implantado em 1937 perdura
até 1945.
ü Resultado das eleições para o Reichstag de 5 de março de 1933:
- nacional-socialistas (nazistas) - 17 265 823 votos
- social-democratas - 7 176 050 votos
- comunistas - 4 845 379 votos
- nacionalistas - 3 132 595 votos
ü A repressão na Itália fascista no anos 1927 a 1934:
- condenados à prisão por serem de oposição: 5 mil pessoas;
- condenados à morte: 29 pessoas;
- condenadas á prisão perpétua: 7 pessoas;
- desterradas: 10 mil pessoas,
- deportadas: 15 mil pessoas.
ü Genocídio – Perseguidos sistematicamente desde a chegada de Hitler ao poder, os judeus estiveram entre as principais vítimas do terror nazista. Contra eles, o governo alemão criou, em 1935, uma legislação especial que os excluía dos direitos de cidadania outorgados pela Constituição de Weimar a todos os alemães. A partir de então, o terror anti-semita assumiu formas cada vez mais assustadoras, com a criação de campos de extermínio na Alemanha e em zonas ocupadas pelo exército alemão, sobretudo na Polônia. Esses campos faziam parte de um plano denominada pelos nazistas de Solução Final do “problema” judeu, e neles foram massacrados 6 milhões de pessoas.
ü Bombas atômicas - A primeira foi jogada pelos EUA em Hiroshima (6 de agosto de 1945), provocando a morte de cerca de 200 mil pessoas e a destruição de 60% dos edifícios da cidade em questão de segundos. Três dias depois, uma segundo bomba é lançada sobre Nagasaki, matando mais 80 mil pessoas, mesmo caindo fora do alvo.
ü Custos – Um custo material superior a um bilhão e trezentos milhões de dólares; 30 milhões de feridos, mais de 50 milhões de mortos (mais de 20 milhões eram russos, 6 milhões de poloneses, 5,5 milhões de alemães e 1,5 milhão de japoneses).
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